O tema infertilidade tem sido cada vez mais abordado nos meios científicos ou mesmo pela
mídia em geral. O destaque é motivado pelo crescimento de casos registrados anualmente no mundo todo, de infertilidade masculina ou feminina, justificado pelo comportamento das sociedades contemporâneas.
As alterações na fertilidade surgem como consequência de doenças ou mesmo do estilo de vida, um componente importante para o funcionamento adequado do sistema reprodutor.
Por isso, para garantir a capacidade de engravidar a parceira é importante manter-se
informado sobre as condições provocam alterações na fertilidade, prevenindo dessa forma o problema, ou detectando-o precocemente para tratá-lo enquanto ainda não provocou maiores danos.
Continue a leitura até o final e conheça as possíveis causas de infertilidade masculina , além dos tratamentos possibilitam a gravidez na maioria dos casos, de forma natural ou com o auxílio da reprodução assistida.
O que pode aumentar o risco de infertilidade masculina?
A fertilidade masculina é um processo complexo, para engravidar a parceira o sistema
reprodutor deve funcionar perfeitamente, da produção de espermatozoides à liberação deles pela ejaculação.
Produção de espermatozoides ou espermatogênese: os espermatozoides são produzidos
nos túbulos seminíferos, localizados nos testículos. Possuem cabeça, onde fica armazenado o núcleo, que contém uma cópia de cada cromossomo, os genes masculinos, pescoço e cauda.
Amadurecimento final: o amadurecimento final dos espermatozoides acontece nos
epidídimos, dutos também localizados nos testículos. Durante esse processo ocorre a formação da cauda, um tipo de flagelo responsável pelo movimento (motilidade).
Transporte: quando estão maduros são transportados pelos dutos deferentes e ejaculatórios e lançados na uretra para serem ejaculados. No caminho, são incorporados ao fluido seminal produzido pelas vesículas seminais, glândulas bulbouretrais e próstata, que forma o sêmen, responsável por nutri-los e protegê-los do ambiente ácido da vagina até atingirem as tubas uterinas para fecundar o óvulo.
Ainda que diferentes doenças possam interferir no funcionamento normal, provocando
infertilidade, alguns fatores também aumentam o risco de ocorrerem alterações, como causas ambientas ou o estilo de vida:
Causas ambientais
Superexposição a certos elementos ambientais: a exposição excessiva a
elementos ambientais como calor, toxinas e produtos químicos, tende a reduzir a
produção ou função do espermatozoide. Os principais são produtos químicos,
pesticidas, herbicidas, solventes orgânicos e materiais de pintura ou metais pesados
como chumbo, contribuem para a baixa concentração de espermatozoides, assim como
a exposição à radiação, que tende a reduzir a produção temporariamente ou
permanentemente;
Superaquecimento dos testículos: as temperaturas elevadas provocadas pelo uso
frequente de saunas ou por ficar sentado durante longos períodos e usar roupas
apertadas, prejudicam temporariamente a produção e função do espermatozoide.
Estilo de vida: uso de drogas e esteroides: anabolizantes utilizados para estimular a força e o crescimento muscular levam ao encolhimento dos testículos prejudicando a produção
de espermatozoides, enquanto o uso de drogas recreativas em excesso, como a
cocaína ou a maconha, reduz temporariamente o número e a qualidade dos
espermatozoides;
Consumo de álcool: o consumo excessivo de álcool diminui os níveis de testosterona
e a produção de espermatozoides, além de causar disfunção erétil;
Tabagismo: homens que fumam tendem a ter uma contagem de espermatozoides
mais baixa, quando comparados aos que não possuem o vício;
Obesidade: o sobrepeso prejudica a fertilidade masculina de várias formas, desde
impactar a saúde dos espermatozoides a causar alterações hormonais, que
comprometem a espermatogênese.
Quais são as possíveis causas de infertilidade masculina?
A infertilidade masculina pode ser consequência de alterações na produção de
espermatozoides, obstruções que impedem o transporte e danos no DNA, provocadas por
diferentes condições. Veja abaixo as causas de cada problema:
Alterações na produção de espermatozoides (espermatogênese)
A espermatogênese é estimulada pela ação da testosterona e pelos hormônio folículo-
estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH), regulados pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal. Alterações nos níveis dos hormônios reprodutivos, portanto, resultam na baixa produção ou interrupção do processo. As causas são:
- Problemas que afetam o hipotálamo, a hipófise, a tireoide e as glândulas suprarrenais;
- Doenças testiculares, como caxumba, inflamações, ou varicocele, caracterizada pelo
surgimento de varizes nos testículos, que afetam a temperatura testicular e,
consequentemente, a produção, de espermatozoides;
- Doenças como o diabetes;
- Lesões ou danos testiculares.
- Interferências na produção levam à ausência de espermatozoides no sêmen, condição
conhecida como azoospermia não obstrutiva.
- Obstruções que impedem o transporte;
O transporte dos espermatozoides pode ser inibido por obstruções nos epidídimos ou dutos que os transportam. Geralmente são consequência de:
- Inflamações que afetam o sistema reprodutor masculino: orquite, dos testículos,
epididimite, dos epidídimos, prostatite, da próstata e uretrite, da uretra, na maioria
dos casos provocadas por infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como clamídia
e gonorreia.
Os processos inflamatórios tendem a resultar na formação de aderências
que provocam as obstruções;
- Anormalidades congênitas (desde o nascimento);
- Doenças genéticas;
- Tumores benignos ou malignos;
- Cistos;
- Lesões provocadas por cirurgias e traumas.
As obstruções resultam, da mesma forma, na ausência de espermatozoides no sêmen. Nessecaso a azoospermia é obstrutiva, considerada a causa mais comum de infertilidade
masculina.
Danos no DNA
Anormalidades nos cromossomos dos espermatozoides também comprometem a fertilidade. As numéricas, por exemplo, chamadas aneuploidias, quando há ausência ou presença de mais cromossomos do que o normal, estão associadas a falhas na implantação e abortamentos espontâneos. Podem ser genéticas ou consequência do envelhecimento.
A fragmentação do DNA espermático, por outro lado, condição clínica em que ocorre a perda da integridade do DNA, interfere na fecundação e no desenvolvimento embrionário.
Homens com um percentual alto de espermatozoides com DNA fragmentado, têm chances bem menores de gravidez. A principalmente causa é o estresse oxidativo, ou excesso de produção de espécies reativas de oxigênio. Entre os fatores que contribuem para aumentar o risco estão:
- Inflamações no sistema reprodutor masculino;
- Varicocele;
- Obesidade;
- Hábitos como o tabagismo e o alcoolismo;
- Exposição a produtos químicos ou tóxicos;
- Uso de medicamentos para o tratamento de câncer.
Apesar de os percentuais de infertilidade masculina atualmente superarem os da feminina
em diversos países, em boa parte dos casos o tratamento possibilita a restauração da
capacidade reprodutiva, principalmente quando a causa é diagnosticada precocemente.
Conheça os tratamentos para infertilidade masculina
Para diagnosticar a infertilidade o homem é submetido a diferentes exames laboratoriais e de imagem. Os resultados permitem a indicação abordagem mais adequada, individualizando,
dessa forma, o tratamento.
O tratamento é ser feito por medicamentos, cirurgia ou por técnicas de reprodução assistida.
Os medicamentos, por exemplo, são utilizados nos seguintes casos:
- Para controlar os níveis hormonais: o desequilíbrio hormonal é controlado por
medicamentos hormonais: o reequilíbrio dos níveis normaliza a espermatogênese;
- Para o tratamento de inflamações: nesse caso, são prescritos antibióticos de
acordo com o tipo de bactéria, orais ou injetáveis, em ciclos curtos, longos ou dose
única. Se as bactérias forem sexualmente transmissíveis as parceiras também devem
ser investigadas e tratadas evitando, assim, a reinfecção.
Já a cirurgia é indicada para a remoção de obstruções e reparação dos dutos, ou para a
correção de varicocele.
Em boa parte dos casos a fertilidade é restaurada após o tratamento primário. Quando a
dificuldade reprodutiva ainda permanece, entretanto, é possível aumentar as chances de
engravidar a parceira por duas técnicas de reprodução assistida: a inseminação artificial (IA) e a fertilização in vitro (FIV):
- Inseminação artificial (IA): a IA é indicada para problemas de infertilidade menos
graves, como pequenas alterações na forma ou movimento dos espermatozoides.
Nessa técnica os melhores são selecionados pelo preparo seminal, posteriormente
inseridos em um cateter e depositados no útero durante o período fértil da parceira;
- Fertilização in vitro com ICSI (injeção intracitoplasmática de
espermatozoides): a FIV com ICSI é indicada quando há fatores de maior gravidade.
Nela, além de selecionados pelo preparo seminal, os espermatozoides são recuperados
do epidídimo ou testículos por diferentes métodos cirúrgicos se não estiverem
presentes no sêmen, e injetados diretamente no citoplasma do óvulo. Os embriões que
resultam desse processo são transferidos para o útero, onde implantam iniciando a
gestação.
Quando indicadas corretamente, as duas técnicas possibilitam ótimas chances de engravidar a parceira.
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