O aumento dos casos de infertilidade tornaram a doença considerada questão de saúde pública mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Historicamente os problemas de fertilidade eram atribuídos às mulheres, porém, sabe-se hoje que os fatores masculinos contribuem no mínimo igualmente para as dificuldades reprodutivas de um casal. Em alguns países são, inclusive, mais altos.
O aumento dos casos, de homens e mulheres, é justificado pelo comportamento das sociedade contemporâneas, desde o estilo de vida, como a alimentação pouco saudável ou o sedentarismo, à tendência de adiar os planos de gravidez.
A endometriose, por exemplo, é hoje conhecida como a ‘doença da mulher moderna’ e passou a compor a relação das mais frequentemente registradas enquanto causa de infertilidade feminina.
Além da endometriose, outras doenças e condições afetam a capacidade reprodutiva das
mulheres. Continue e a leitura até o final e saiba quais.
O que é infertilidade?
A infertilidade é definida pela OMS como a dificuldade para engravidar após um ano de
relações sexuais desprotegidas. Perdas repetidas de gestação (abortamento repetido), também caracterizam a infertilidade feminina, uma vez que sinalizam para diferentes problemas que afetam o funcionamento normal do sistema reprodutor da mulher.
Ou seja, para a gravidez ser bem-sucedida, os sistemas reprodutores feminino e masculino
devem funcionar perfeitamente.
Mulheres e homens se tornam aptos para reproduzir a partir da puberdade. Nesse período têm início os ciclos menstruais das mulheres, que ocorrem em três diferentes fases: folicular, ovariana e lútea, coordenadas por diferentes hormônios.
Na folicular ocorre o crescimento de vários folículos, bolsas que contém os óvulos imaturos.
Apenas um deles, entretanto, desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo (ovulação) na fase ovariana para ser fecundado pelo espermatozoide.
As mulheres já nascem com uma reserva ovariana, termo que descreve a quantidade de
folículos presentes nos ovários, enquanto os homes desde a puberdade produzem espermatozoides por toda a vida, processo chamado espermatogênese, que acontece nos
túbulos seminíferos, localizados nos testículos.
Para fecundar o óvulo, milhares de espermatozoides são liberados durante a ejaculação, mas apenas um deles o alcança.
A fecundação acontece nas tubas uterinas: o óvulo liberado é capturado pelas fimbrias
presentes na estrutura, que se movimentam carregando-o para o interior, enquanto os
espermatozoides são transportados pela outra extremidade, conectada ao útero.
A fusão dos dois gametas origina o embrião, transportado também pelas tubas ao útero, onde implanta no endométrio, camada interna, iniciando a gestação. No útero o embrião desenvolve até o nascimento.
Qualquer alteração nesse processo, portanto, impede o sucesso da gravidez, levando à
infertilidade.
Saiba quais podem ser as causas de infertilidade feminina
Diversas condições resultam no funcionamento inadequado do sistema reprodutor feminino,afetando o ciclo menstrual ou comprometendo o desenvolvimento e sustentação da gravidez.
A principal causa de infertilidade feminina, entretanto, é o envelhecimento. Durante os
ciclos menstruais os folículos que cresceram e não desenvolveram são eliminados pelo
organismo.
Assim, os níveis da reserva ovariana naturalmente diminuem, até que não existam mais
folículos, o que ocorre a partir da menopausa. A qualidade dos óvulos também é menor,
comprometendo, da mesma forma, a gravidez.
A infertilidade feminina é consequência de problemas como distúrbios de ovulação, quando há dificuldades no desenvolvimento, amadurecimento e rompimento do folículo, obstruções nos ovários ou tubas uterinas e distorções na anatomia do útero. Veja abaixo as condições que podem provocá-los:
Síndrome dos ovários policísticos (SOP): a SOP é um distúrbio endocrinológico
muito comum durante a idade reprodutiva. Tem como característica o aumento de
testosterona (hiperandrogenismo), hormônio masculino produzido em pequenas
quantidades pelos ovários, e anovulação crônica (ausência de ovulação), como
consequência do desequilíbrio hormonal, ao mesmo tempo que causa a formação de
múltiplos cistos nos ovários;
Doenças da tireoide: responsáveis por regular o metabolismo das células, os
hormônios da tireoide também atuam no processo de desenvolvimento e amadurecimento folicular (foliculogênese). Alterações nos níveis, portanto, interferem
na ovulação: níveis altos são característicos de hipertireoidismo, enquanto a
diminuição ou interrupção na secreção, caracterizam o hipotireoidismo;
Endometriose: a endometriose é uma doença estrogênio-dependente em que ocorre
o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio fora do órgão, incluindo os
ovários e tubas uterinas. O crescimento anormal provoca um processo inflamatório,
que interfere na fertilidade de diversas formas, desde prejudicar a foliculogênese e
implantação do embrião a causar a formação de aderências: nos ovários ou tubas
uterinas resultam em obstruções, impedindo a fecundação, assim como distorcer a
anatomia uterina, dificultando ou impedindo o desenvolvimento da gravidez;
Miomas uterinos: apesar de serem tumores benignos, de acordo com critérios como
local de crescimento, quantidade e tamanho, os miomas também afetam a fertilidade,
causando alterações na receptividade do endométrio, levando a falhas e abortamento,
obstruções tubárias e distorções anatômicas;
Pólipos endometriais: pólipos endometriais são crescimentos anormais que ocorrem
no endométrio. Embora sejam benignos e raramente evoluam para malignidade,
tendem a interferir na receptividade endometrial, resultando em falhas na implantação
do embrião e, consequentemente, em abortamento. Em maiores dimensões, assim
como os miomas, podem modificar a anatomia uterina dificultando ou impedindo o
desenvolvimento da gestação;
Processos inflamatórios: Inflamações nos órgão reprodutores causam também a
formação de aderências, inibindo a fecundação se ocorrerem nos ovários (ooforite) ou
nas tubas uterinas (salpingite). Já no endométrio (endometrite) compromete a
receptividade endometrial e a qualidade do óvulo. Geralmente são consequência da
doença inflamatória pélvica (DIP), frequentemente causada por bactérias sexualmente
transmissíveis;
Trombofilia: na trombofilia há a formação anormal de coágulos em veias e artérias.
Quando isso ocorre na vasculatura placentária, resulta em falhas na implantação e
abortamento;
Falência ovariana prematura (FOP): nessa condição, como o nome indica, os
ovários entram em falência precocemente, antes dos 40 anos. Assim, a foliculogênese
e ovulação não acontecem e, consequentemente, a fecundação;
Distúrbios genéticos e doenças autoimunes: anormalidades cromossômicas
comprometem a qualidade do óvulo e resultar em má qualidade embrionária, o que
provoca falhas na implantação e abortamento. Nesse caso, são chamadas
aneuploidias, quando há mais ou menos cromossomos do que o normal. Nas doenças
autoimunes, por outro lado, os anticorpos podem interferir nos processos de
fecundação ou implantação.
Além dessas doenças, alguns fatores aumentam o risco de infertilidade feminina, incluindo
hábitos como alcoolismo, tabagismo ou o uso excessivo de drogas recreativas, baixo peso ou sobrepeso, sedentarismo ou excesso de exercícios físicos e histórico de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
No entanto, a infertilidade feminina tem tratamento na maioria dos casos, indicados de
acordo com a causa que provocou o problema.
Conheça as possibilidades de tratamento para a infertilidade feminina
Para investigar as causas de infertilidade a mulher é submetida a diferentes exames,
laboratoriais e de imagem. Os resultados proporcionam a definição do tratamento mais
adequado para cada paciente, personalizando-o. É realizado por medicamentos, cirurgia ou
técnicas de reprodução assistida.
Os medicamentos são prescritos quando há alterações hormonais ou inflamações
consequentes de bactérias, por exemplo, enquanto a cirurgia é indicada para remoção de
miomas, pólipos, aderências e implantes de endometriose.
Após o tratamento a fertilidade tende a ser restaurada em boa parte dos casos. Se isso não
acontecer ainda é possível engravidar pelas técnicas de reprodução assistida. Todas elas
aumentam as chances.
As três principais são a relação sexual programada (RSP), a inseminação intrauterina (IIU), de baixa complexidade e a fertilização in vitro (FIV), de alta complexidade. Como os outros
tratamentos, a mais adequada para cada paciente é definida a partir dos resultados
diagnósticos.
As técnicas de baixa complexidade geralmente são indicadas para problemas mais leves,
mulheres com até 35 e as tubas uterinas saudáveis, uma vez que a fecundação ocorre
naturalmente.
Já na fertilização in vitro, de alta complexidade, a fecundação ocorre em laboratório. Por isso possibilita o tratamento quando há fatores de maior gravidade, ao mesmo tempo que é a técnica mais adequada para mulheres acima dos 36 anos, quando os níveis da reserva
ovariana são mais baixos.
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