O álcool e o cigarro são substâncias que têm efeito sobre a fertilidade de homens e mulheres. No entanto, elas podem ser ainda mais nocivas para o público feminino.
O ginecologista Dr. Ernesto Valvano (CRM/SP 48.716), que integra a equipe do Centro de Reprodução Humana de Piracicaba, explica os riscos para ambos os sexos e porquê o uso dessas e outras substâncias tóxicas deve ser evitado, principalmente, entre os que desejam ser pais.
Cigarro e fertilidade
Os efeitos do cigarro no organismo variam de acordo com quantidade consumida. Mulheres que fumam mais de 20 cigarros por dia têm uma chance maior de ter uma gravidez ectópica – condição em que o óvulo fertilizado é implantado fora do útero (na maior partes das vezes na trompa).
Outra desvantagem é a alteração na produção de hormônios, o que fará com que o ciclo menstrual seja modificado, dependendo do consumo.
O tabagismo também diminui a reserva de óvulos no ovário, altera a captação deles ao provocar mudanças na movimentação dos cílios das trompas, afeta a implantação do embrião no endométrio e pode provocar alteração na placenta.
O médico acrescenta ainda, que quanto maior o consumo de cigarros por dia, maior o tempo para conseguir uma gravidez.
Uso do cigarro e fertilidade em homens
Nos homens, os cigarros também interferem. Algumas alterações são a diminuição da qualidade, do número e da capacidade de movimento dos espermatozoides.
É bom lembrar que o tempo de sobrevida deles na fecundação também é afetado negativamente, principalmente, entre quem fuma mais de 20 cigarros por dia.
Uso do álcool
O consumo elevado de álcool também traz riscos. Entre os homens, tem efeito sobre a quantidade, qualidade e motilidade das células reprodutivas, assim como o cigarro.
Já entre as mulheres, o consumo de uma taça de vinho todos os dias, por exemplo, pode provocar a diminuição das chances de gravidez, principalmente em um tratamento de fertilização in vitro.
O álcool também pode aumentar a eliminação urinária de estradiol – hormônio que regula a função reprodutiva e, com a progesterona, mantém a gravidez – no período da ovulação, atrapalhando a fertilidade, como explica o especialista.
“Quando se aproxima o período de ovulação, o estradiol aumenta para estimula-lá. O álcool, ao fazer com que a mulher elimine mais estradiol, perto deste período, pode afetar a ovulação”.
Se o consumo for exagerado, a criança pode desenvolver a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), condição grave que provoca severas alterações no desenvolvimento fetal, comprometendo até mesmo os órgãos. O aborto é outro risco a ser considerado.
Outras substâncias tóxicas
Além do álcool e do cigarro, cocaína, maconha e anfetamina são também drogas que interferem na saúde dos pais.
“As drogas agem no sistema nervoso… quem estimula o organismo para ovular ou produzir espermatozoides é a hipófise – pequena grândula ligada ao hipotálamo – então, o consumo das drogas vai afetar o estímulo para os órgãos onde são produzidas as células sexuais femininas e masculinas, diminuindo também a sua função. No homem diminui motilidade, produção… já na mulher, altera a ovulação, o ciclo e a chance de engravidar, pois ela não ovula. A mulher que fuma, que bebe, também entra na menopausa mais cedo”, explica.
Além de afetar a fertilidade, é importante ressaltar que o cigarro e o álcool são responsáveis por várias outras doenças graves como o câncer de pulmão, infarto, Acidente Vascular Cerebral (ACV), cirrose hepática, câncer de fígado, entre outros.
O Centro de Reprodução Humana de Piracicaba está instalado no Hospital Santa Isabel, graças a uma parceria com a Santa Casa de Piracicaba.
Jornalista responsável: Arlete Maria Antunes de Moraes. MTB 0084412/SP.
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